Os sonhos são frutos do nosso inconsciente. Lembranças, decepções, traumas, alegrias, anseios, desejos, medos e todas outras sensações ou estímulos que nosso corpo recebe e registra durante toda a vida. Sonhos são aquilo que levam o ser humano a perguntas, a respostas, a esforçar-se para alcançar objetivos.
Faz o homem a planejar, inventar, reinventar formas de alcançá-los e torná-los realidade. Se não fosse por esses sonhos, o homem jamais teria inventado o balão, o avião, o automóvel, chegado a lua, criado telescópios que desvendam nosso universo. Descoberto remédios e técnicas para a cura de tantas doenças. Entendido o uso de substancias para manipular a matéria. Gerar energia elétrica a partir de simples movimentação realizada pela água em um dispositivo mecânico-magnético. Sonhos impulsionam o homem para a conquista da vida.
Todos sonham, mesmo que não se lembrem depois. Sonhos bons, ruins, realizáveis, inimagináveis, impossíveis.

Que adolescente não sonhou com um alguém que estudava e que gostava muito?
Que não sonhou com uma profissão que gostaria de exercer?
Qual rapaz que não se imaginava dirigindo aquele carrão que todos os outros colegas ficam babando e falando? Ou aquela moto toda incrementada?
Em conhecer aquela gata que todos os outros cobiçam?
Arrumar aquele emprego que lhe dá as condições de manter uma boa vida?
Ser feliz, não importa o que aconteça!
No meu caso, sempre fui um
sonhador insuperável. Sonho muitas vezes acordado mesmo. Muitas vezes imagino
coisas que seriam ótimas para minha satisfação. Me perco na minha imaginação
fértil e no meu mundo de encantos.

Aquele sonho de qualquer rapaz de poder dirigir, aos poucos eu fui me dando conta que jamais poderia realizar. Como sempre fui muito aplicado no que queria, e mesmo sabendo que não poderia dirigir, aprendi a fazê-lo tanto para o carro quanto para a moto. Porém sempre soube que não conseguiria e não deveria sair a rua dirigindo. Se eu não tivesse um pingo de bom senso, poderia até ter tirado carta de moto, que exige muito menos visão lateral na sua locomoção. Mas eu sempre tive essa consciência, de que isso seria perigoso não só pra mim, mas para as pessoas que estivessem do lado de fora do veiculo. Isso me machucou por muitos e muitos anos. Algumas vezes, conversando com uma pessoa que fez de sua família, um segundo porto seguro para mim, a mãe do meu melhor amigo, eu dizia pra ela: "Fico tão chateado de não poder dirigir", ou então, "Se eu pudesse dirigir", e ela sempre me dizia a mesma coisa: "Menino! Um dia você vai poder pagar alguém pra te levar onde você precisa".
Acho que, em algumas situações,
os sonhos acontecem de maneira diferente do que esperamos. E acho que na minha
vida, isso acontece muitas vezes, porque hoje, graças ao meu trabalho, consigo
pagar um taxi para me levar onde quero ir, e se precisar, pagar alguém pra me acompanhar se for um lugar
de difícil acesso.
No inicio da adolescência começam
aqueles questionamentos do tipo de profissão que você gostaria de exercer.
Primeiro queria ser um veterinário, mas percebi que jamais poderia fazer uma
cirurgia ou algo que necessitasse mais atenção aos detalhes.
Depois comecei a fazer o curso de
técnico em eletrotécnica. Coloquei na cabeça que eu ia fazer uma faculdade de
engenharia elétrica ou eletrônica. Porém percebi que seria uma área perigosa
demais pra mim.Nessa mesma época, fazia aulas de músicas, que eu adorava, mas as partituras também representavam pra mim uma dificuldade gigantesca na leitura das mesmas.
Já tinha uma idade em que as pessoas se decidem por uma faculdade. E ai? Decidi continuar fazendo cursos técnicos até encontrar algo que eu pudesse realizar sem problemas pra mim.
Foi ai que encontrei a informática, que me possibilitou tudo que tenho hoje. Fiz o curso técnico de informática. Depois dele, ainda fiz mais um curso técnico de administração. Após isso, fiz a faculdade para me tornar um Bacharel em Ciências da Computação.
Então, consegui me formar em três cursos técnicos e uma graduação.
Sempre fui um bom aluno e nunca tive problemas em nenhuma dessas instituições de ensino que estudei. Ao contrário, consegui muitos amigos entre os funcionários e professores de todos estes locais.
Claro que os problemas eram
outros: tropeções, quedas, esbarrões e etc. Dizem que Deus nunca nos desampara,
e acho que ele colocava em cada local anjos que me vigiavam, ajudavam e protegiam.
Esses anjos vinham na forma de amigos, que me apoiavam em cada um destes locais
que eu estava.

Quantas vezes, tive que atravessar avenidas sozinho, para chegar ao ponto onde a Van ou ônibus ia parar para mim, no escuro, sem ver nada, somente ouvindo o que acontecia ao meu redor, sentindo o ambiente.
Quantas vezes, cheguei ao meu bairro sem iluminação na rua, por causa de algum temporal, e tive que tatear cercas e portões até achar o da minha casa.
Quantas noites descendo do ônibus ou van, e indo embora para casa sozinho, sem saber se na minha rua, alguém estava espreitando, se havia algum animal perigoso solto.
Até nessa situação, um amigo inesperado apareceu. Meu tio mora na casa ao lado da casa de meus pais, e ele tinha um cachorro enorme que insistia em fugir pelo portão deles. Quando isso acontecia ele ficava ali do lado de fora na calçada a noite toda. Quando o ônibus me deixava na esquina da minha rua, ele me via de longe e vinha correndo e pulava em mim. Eu levava cada susto, porque eu não enxergava se era ele mesmo que vinha correndo na minha direção, mas depois que percebia ser ele, íamos pra casa juntos. Ele entrava comigo, me fazia companhia la no fundo da chácara, enquanto eu comia alguma coisa tarde da noite. Depois eu abria o portão entre os terrenos, da minha família e de meu tio, para que ele fosse pra casa.

Tudo isso pra ter uma profissão. Pra saciar essa vontade de vencer, de me provar a cada dia. Mas esse sonho eu consegui realizar. Me formei. Trabalhei e ainda trabalho na área. Também continuo estudando.
Mas como eu disse, sempre fui um
sonhador insaciável.
Sempre sonhei ter o meu canto, o
meu lar. Este sonho, acho que em breve conseguirei,
graças ao meu trabalho. Não vejo a hora de poder arrumar tudo do meu jeito, com
as coisas certas nos lugare certos. Poder ter as minhas plantas, o meu local
para deixar meu teclado musical montado e voltar a estudar música, a minha
cozinha organizada pra receber meus amigos já que gosto tanto de cozinhar, ter
o cantinho para acomodar um amigo canino.
Quanto a uma família, ainda busco
alguém para compartilhar esse sonho comigo. E isso está muito dificil.
Outro sonho, relacionado a
família, é o de ser pai. Algumas pessoas me dizem, que eu seria um bom pai,
pelo jeito e carinho que tenho com crianças e animais próximos a mim. Eu já
sonhei muito com um filho, mas hoje, aos meus 33 anos e, sem uma perspectiva de
cura para minha Retinose, não sei mais se isso vai ser possível. Depois de
saber que posso transmitir esse problema a um filho, não sei se quero que ele venha
a esse mundo com o mesmo problema de visão que eu. Não quero que ele passe
pelas mesmas provações que eu tive que passar. Mesmo que isso tenha me ajudado
a ser o que sou hoje, e tenho que reconhecer isso. Mas ver um filho, passar
pelo que passei, é uma coisa impensável pra mim.Mas como disse anteriormente, os sonhos acontecem de outras formas, não esperadas por nós. Deus primeiro mandou minhas cachorrinhas, que sempre foram para mim, como se fossem filhas.
Depois mandou meu sobrinho João Pedro. Pude ser um pouco pai dele, durante quase um ano, que ainda morava junto dele na casa de meus pais. Adorava pegá-lo pequenininho e ficar ninando-o nas minhas pernas, enquanto assistiamos o DVD do Cocoricó que ele tanto gostava. E ficava ali balançando ele até que pegasse no sono. Foi uma grande alegria, quando minha irmã, me convidou pra ser o padrinho dele. Então, acho que sou meio pai dele, mesmo estando a maior parte do tempo longe.
Vim para a cidade de São Paulo trabalhar, e aqui, acabei arrumando outros filhos. Os pequenos das minhas amigas, que eu tento sempre tratar com carinho quando consigo ver.
E o último presente, foi meu primo me chamar para ser padrinho da sua menininha. Então, acho que eu sou um pouco pai, pelo menos postiço.
Com o passar dos anos, fui
aprendendo que nossos sonhos, nem sempre se realizam. Nem sempre são possíveis.
Mas algumas vezes, eles acontecem e precisamos olhar bem, porque não acontecem
da maneira prevista, no tempo previsto, da maneira que queríamos, mas
acontecem.
Não devemos nos lamentar pelos sonhos
perdidos, porque talvez eles ainda aconteçam em um outro momento, de uma outra forma. Devemos sim, tentar alcançar novos sonhos. Renovar a esperança na vida, nas
pessoas. Não se mata um homem que tem sonhos concretos, porque seus sonhos o
mantém, mas se voce matar os sonhos desse homem, ele morre junto.
Por isso eu sonho, eu imagino, eu planejo, eu
crio, eu vivo.
Autoria: Jonathan Augusto Peripato
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